Edificação na Rua Augusta em SP será derrubado para construção de prédio

A história da música de Adoniran Barbosa se repete na esquina da rua Augusta com a Dona Antônia de Queirós (centro de SP): um "palacete assobradado", usado como cortiço e cuja história é um pouco desconhecida.
Comprado pela construtora Esser, que não deu detalhes sobre o empreendimento, tampouco de quem comprou e quanto pagou pela área, o terreno dará lugar a mais um dos vários empreendimentos que surgem na região e que elevam o preço do metro quadrado na área à casa dos R$ 6.000. O valor é o mesmo encontrado em bairros nobres como Vila Madalena, Brooklin e Moema. 
Esta valorização está expulsando os tradicionais prostíbulos da Augusta para dar lugar, além de prédios de alto a padrão, a bares, clubes e restaurantes.Na última sexta, "veio os home co'as ferramenta". O novo dono mandou derrubar a construção, que havia anos estava em péssimo estado de conservação. Deu três dias para desocupação. Segundo o engenheiro responsável pela demolição, o trabalho de desmonte do casarão duraria no máximo duas horas se fosse feito mecanicamente. Como não há espaço para o maquinário, a intervenção será manual e vai durar cerca de um mês.

Sem Teto
 
Porém, nem todos os atuais seis moradores "pegaram as coisas e foram pro meio da rua apreciar a demolição". O pedreiro José Raimundo da Silva, 59, que  habita no local há seis anos, teve que ficar. "Não se aluga nada hoje em dia sem contrato e isso demora uns dias".
A demolição começou com ele dentro mesmo. Ontem, seu José, que até poucos dias atrás se reunia com os "companheiros de maloca" na calçada do prédio para jogar dominó e fazer churrasquinho, reclamava que seu quarto já estava sem teto. A chuva molhou seus documentos. "Ninguém veio nem avisar. Achei uma sacanagem", diz.
 
Características do imóvel
 
Os integrantes do movimento Preserva São Paulo, especialistas em rastrear a história do patrimônio avaliam que o prédio seja em estilo "art nouveau". Os órgãos de patrimônio tampouco se interessaram pela construção. Não há qualquer resolução de tombamento no Departamento de Patrimônio Histórico do município, Conpresp e Condephaat. 
 
De acordo com o site São Paulo Antiga, ele data de 1913 e pertenceu a August Schauerte que ocupou o andar superior, até o final dos anos 1960. Já o andar inferior, destinado a fins comerciais, foi durante muitos anos endereço de uma bem conhecida loja de produtos ortopédicos da região, chamada Ortopedia Salva-Pé (hoje, Salvapé Produtos Ortopédicos). Com o tempo a empresa cresceu e mudou-se do local.
 
Fonte: Folha de S. Paulo (revisado, pois o texto estava muito ruim) e São Paulo Antiga  Fotos: Alexandre Rezende (Folha) e Douglas Nascimento (SPa)